SURFISTA PRATEADO
Seria mais um dia como outro qualquer na nossa vida, se não fosse por uma tragédia que se aproxima.
Uma força cósmica alcançou o planeta onde vivemos, disposta a devorar tudo. Esse ser, de poder incalculável, engole mundos para drenar energia e sobreviver. Planetas pequenos e grandes, habitados e desertos. Galactus destrói a todos, deixando para trás um rastro de poeira e corpos sem vida.
Mas existe uma chance.
O devorador de mundos está disposto a poupar a Terra se você, apenas você, aceitar o papel de “arauto da destruição”. Para isso, ganhará uma parcela de poder cósmico e terá a missão de viajar à frente dessa força, escolhendo mundos que possam satisfazê-la.
Se a sua escolha for essa, não mais terá necessidade de se alimentar, dormir ou se relacionar com as pessoas.
Deixará para trás a família, a carreira e os sonhos. Sua nova casa será o cosmos.
Você aceitaria? Faria esse sacrifício pela sobrevivência do seu planeta? Pelas pessoas que ama? E até por aquelas que desconhece?
Norrin Radd fez isso. E se tornou o Surfista Prateado, arauto de Galactus. Norrin Radd subiu numa prancha e deixou para trás, distante milhares de anos-luz, o planeta Zenn-La e os planos que tinha ao lado da amada Shalla Bal.
A história do Surfista sempre teve um paralelo grande com elementos da fé cristã.
A melancolia que o personagem demonstra, por exemplo, poderia ter saído das páginas da Escritura Sagrada:
“Aqueles a quem nenhum horizonte atrai… Aos quais nenhum desafio resta… Embora pensem que herdaram um universo, eles possuem apenas um deserto vazio.”
“Será que apenas na desolação o homem consegue a paz que procura?”
“Podemos estar despreparados, mas, se nos mantivermos unidos, jamais seremos conquistados!”
“Nada é impossível… exceto para quem já perdeu a esperança!”
(Edição Histórica Surfista Prateado, Editora Mythos, 2003)
Da mesma forma poderíamos ler na boca do Surfista Prateado as seguintes lamentações:
“Abandonei a minha família, deixei a minha propriedade e entreguei aquela a quem amo nas mãos dos seus inimigos.”
“Jamais me sentei na companhia dos que se divertem, nunca festejei com eles. Sentei-me sozinho, porque a tua mão estava sobre mim.”
“Por que é permanente a minha dor, e a minha ferida é grave e incurável?”
(Livro do profeta Jeremias 12:7 e 8, 15:17 e 18)
Mas o maior paralelo está com a história de Cristo.
Assim como Norrin Radd, Jesus de Nazaré teve a chance de salvar toda a humanidade. E, ao contrário do Surfista Prateado, o Messias não aceitou um poder cósmico para propagar destruição.
A missão do Filho de Deus só foi possível porque decidiu ABRIR MÃO de tudo, para ser reduzido à figura inocente e desamparada de um bebê, disposto a crescer e morrer numa cruz.
Jesus nos ama, sempre nos amou, e não há nada que possa ser feito para que ele sinta algo diferente por você e por mim. Ele não é a força destruidora e devoradora de vidas.
Quando se conhece um pouco da verdadeira essência de Deus fica até difícil de imaginar algo diferente. Mesmo que você e eu, no lugar dele, ou no lugar de Norrin Radd, jamais estivéssemos dispostos a um sacrifício semelhante.
E até onde você faria um sacrifício por alguém que ama? E por aqueles que é difícil – ou impossível – amar?
“Tenham entre vocês o mesmo modo de pensar que Cristo Jesus tinha: Ele tinha a natureza de Deus, mas não tentou ficar igual a Deus. Pelo contrário, ele abriu mão de tudo o que era seu e tomou a natureza de servo, tornando-se assim igual aos seres humanos. E, vivendo a vida comum de um ser humano, ele foi humilde e obedeceu a Deus até a morte – morte de cruz. Por isso Deus deu a Jesus a mais alta honra e pôs nele o nome que é o mais importante de todos os nomes, para que, em homenagem ao nome de Jesus, todas as criaturas no céu, na terra e no mundo dos mortos, caiam de joelhos e declarem abertamente que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus, o Pai.”
Filipenses 2:5-11 (BLH).